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Em iniciativa político-institucional da senadora Zenaide Maia (PSD-RN), o palácio do Congresso Nacional recebeu este mês uma iluminação amarela em referência ao Setembro Amarelo, campanha anual de prevenção ao suicídio. No Brasil, a ação é coordenada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O tema de 2024 é “Se precisar, peça ajuda!”. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que se suicidam mais de 700 mil pessoas por ano, sendo a grande maioria jovens entre 15 anos e 29 anos. O mundo já reduziu taxas de suicídio, mas ela cresce nas Américas, e o Brasil é um exemplo disso. Alguns dados mostram estatísticas de quase 40 suicídios por dia no nosso país. A gente tem que dar as mãos - a população, os Poderes Legislativo e Judiciário, os governos federal, estaduais e municipais - para evitar essa tragédia e oferecer tratamento e socorro às pessoas nessa situação extrema de dor e desespero. Podemos e devemos salvar vidas”, afirma a parlamentar.
A campanha de conscientização para prevenir o suicídio mobiliza poder público e sociedade civil desde 2013. O objetivo do Setembro Amarelo é reduzir o número de casos, combatendo tabus e oferecendo apoio a quem precisa de ajuda. Com alta taxa de casos, o Brasil conta com a lei 13.819/2019, que estabelece políticas públicas para prevenção, e com o Disque 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza mais de três milhões de atendimentos anuais.
“Antes da criação do Setembro Amarelo em 2003, o suicídio era tratado como um tabu, mas a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina chamaram a atenção para isso. Essa mobilização é para dar visibilidade, quebrar o tabu, porque as pessoas que têm pensamentos suicidas ou que têm tentativas de suicídio, devido à proibição social que se criou em falar do problema, começam a ser discriminadas. Elas ficam com o problema para si próprias, não pedem ajuda muitas vezes por medo do preconceito, e a crise interna ameaça provocar uma situação-limite”, assinala Zenaide.
Procuradora Especial da Mulher no Senado e médica, a senadora reitera a necessidade de investimentos públicos em programas e políticas de promoção da saúde mental. Para ela, é de importância “fundamental” as famílias e amigos começarem a entender que as pessoas não tiram a própria vida “de uma hora pra outra”.
“Esse quadro é grave. A medicina e a psicologia podem e devem ser acionadas o quanto antes. Se uma pessoa já sofre ou começa a manifestar determinados transtornos, sofrimentos psíquicos e pensamentos de autodestruição, é preciso que saiba que podem ser evitados, controlados quando diagnosticados precocemente”, frisa a senadora.
Como pedir ajuda
Para as pessoas que querem e precisam conversar, o Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio. Os contatos são por meio do telefone 188, de chat, de e-mail e site cvv.org.br.
Também é importante que a pessoa que estiver enfrentando problemas relacionados à saúde mental procure ajuda profissional. Para especialistas, conversar sobre o tema com amigos, família e profissionais de saúde mental pode auxiliar na prevenção.
De acordo com a campanha Setembro Amarelo, sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
A campanha
Como prevenir o suicídio se não fala-se abertamente sobre ele? Foi para combater o tabu que, em 2015, o CVV (Centro de Valorização da Vida), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) lançaram a campanha Setembro Amarelo.
Durante todo o mês, as organizações promovem debates e divulgam informação e conscientização sobre a prevenção do suicídio. O Dia Mundial do Prevenção ao Suicídio é 10 de setembro.
Zenaide salienta que, além de problema de saúde pública com sérios impactos sociais, o suicídio ainda não tem dados completamente exatos em razão de episódios subnotificados ou não relatados oficialmente.
“Há uma transversalidade de fatores, familiares ou não, que fazem as pessoas ficarem deprimidas e se suicidarem. Por isso, precisamos estar atentos para identificar sinais em quem está ao nosso lado. Aqueles que vivem ansiedade, depressão, peçam socorro, conversem com seus amigos, seus professores, seus familiares. É algo que a gente pode evitar”, observa a parlamentar.
Participe da campanha Setembro Amarelo: https://www.setembroamarelo.com/
Números alarmantes
No Brasil, segundo dados do Anuário de Segurança Pública de 2022, uma média de 39 pessoas se suicidam por dia – cerca de 14 mil casos por ano. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam para cerca de 700 mil casos por ano no mundo, o que representa uma a cada 100 mortes registradas.
Embora a campanha não se concentre em trabalhadores e trabalhadoras, o ambiente de trabalho também é inserido na abordagem de conscientização, de forma a se reduzir o estigma associado à saúde mental e a promover soluções e apoio para aqueles que lutam contra pensamentos suicidas.
“Morte de jovens, suicídio, temos uma forma muito efetiva de prevenir: fazer campanhas, dar visibilidade, quebrar os tabus de uma sociedade que faz essa pessoa começar a ficar mais isolada. Gente, é procurar auxílio da psicologia, da psiquiatria”, alerta Zenaide.
A senadora ressalta a importância de os meios de comunicação divulgarem o Setembro Amarelo e pede que as pessoas entrem em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV): “Ligue 188, busque ajuda! O suicídio tem que ser tratado como emergência médica, sim: é a própria vida em risco. É hora de a sociedade perceber, em todos os níveis, desde a saúde primária, maneiras de prevenir esse quadro tão grave”.
Se precisar, peça ajuda!
O que diz a campanha:
- Todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha.
- Quando uma pessoa decide terminar com a sua vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações apresentam-se muito restritivos, ou seja, ela pensa constantemente sobre o suicídio e é incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema. Essas pessoas pensam rigidamente pela distorção que o sofrimento emocional impõe.
- Informar-se para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave. É muito importante que as pessoas próximas saibam identificar que alguém está pensando em se matar e a ajude, tendo uma escuta ativa e sem julgamentos, mostrar que está disponível para ajudar e demonstrar empatia, mas principalmente levando-a ao médico psiquiatra, que vai saber como manejar a situação e salvar esse paciente.