“Milícia privada”, “polícia secreta”, superfaturamento e perseguição a servidores públicos. Esse é o rol de fatos graves que estaria ocorrendo na gestão do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil). Quem narra os fatos, em forma de denúncia, é o ex-servidor Ronny Holanda, que até sexta-feira da semana passada, 21, estava lotado na Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito.
Entrevistado pela radialista Jota Nobre, no programa Comando Geral, da Rede Potiguar de Comunicação (RPC), Ronny Holanda disse que decidiu denunciar os fatos por não aceitar o desvio ético da gestão pública. Ele apresentou detalhes de ocorrências graves que estariam ocorrendo na gestão de Allyson, a partir da pasta da Segurança Pública.
Ronny contou que foi contratado, via empresa terceirizada, para o cargo de assistente técnico, mas que, por meio de portaria interna, assumiu a função de inspetor. No entanto, a missão delegada a ele seria de espionar e “dedurar” agentes de trânsitos considerados de “oposição” ao prefeito Allyson. Ele garante que não aceitou essa atividade por questões éticas, o que culminou com a sua saída da parta.
Segundo o denunciante, dentro da gestão de Allyson tem uma “milícia privada”, formada por pessoas desabilitadas para fazer segurança. Ele também identificou a prática de superfaturamento de empresas privadas. Essa denúncia se junta a outras suspeitas que já foram protocoladas no Ministério Público Estadual (MPRN) com pedido de investigação.
Os relatos mais chocantes feitos por Ronny Holanda dizem respeito à existência de uma “polícia secreta”, como existem nas ditaduras, para monitorar servidores públicos. O esquema de vigilância atinge todas as secretarias municipais e tem a finalidade de identificar “servidores de oposição”.
“Quando um servidor denuncia a um vereador que os serviços não estão funcionando bem, esse servidor passa a ser perseguido”, afirmou Ronny. “As perseguições ocorrem com transferências para locais de trabalho mais distante da residência do servidor”, revelou.
O monitoramento dos servidores ocorre nos locais de trabalho e nas redes sociais. A suposta “polícia secreta” vigia os servidores em todas as áreas para identificar se o comportamento está em desacordo com o do chefe do Executivo.
“Esses servidores passam a ser perseguidos de várias formas, temos, inclusive, relatos de ASGs sendo humilhados”, afirmou o denunciante.
Medo
Consciente da gravidade de suas denúncias, Ronny Holanda deixa a entender que teme a reação do prefeito Allyson Bezerra e avisa:
“Se acontecer alguma coisa comigo, foi o Poder Público municipal, porque eu falei coisa que ninguém tem coragem de falar.”
Os áudios da entrevista de Ronny Holanda serão apresentados ao Ministério Público Estadual, com pedido de investigação urgente.
Ronny deve ser convidado pela Câmara para esclarecer denúncias
As graves denúncias feitas pelo ex-servidor Ronny Holanda repercutiram no plenário da Câmara Municipal de Mossoró na sessão desta terça-feira, 25. Coube ao vereador Omar Nogueira (PV) levantar voz e provocar o Ministério Público para investigar o caso.
O vereador, na tribuna da Casa, também sugeriu convite a Ronny Holanda para ele prestar esclarecimentos sobre as supostas irregularidades na gestão do prefeito Allyson Bezerra, a partir da Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito (Sesdem).
Omar repercutiu trechos da entrevista que o ex-servidor concedeu ao programa Jota Nobre no Comando Geral, na RPC. Segundo o vereador, Ronny fez várias afirmações sobre assédio moral, crimes praticados dentro da secretaria.
“Essa Casa não pode ficar calada. Vínhamos recebendo várias denúncias de perseguição a servidores. Esse jovem rasgou o véu falando o que vem acontecendo dentro da secretaria”, disse Omar, ao defender convite ao ex-servidor para comparecer à Câmara.
E acrescentou: “É muito séria essa denúncia. Ele fala até em vereadores, que iam até a secretaria para ajustar multas. Várias denúncias envolvendo diretores, secretários dentro da gestão, e até o próprio prefeito. Em todos os equipamentos, a gestão colocou um babão de plantão para perseguir servidores”.
Fonte Jornal de Fato
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