Ao defender a aprovação, no Congresso Nacional, do projeto de lei 826/2019, que cria o Programa Nacional de Vacinação em Escolas Públicas e seguiu recentemente para votação em plenário, a senadora Zenaide Maia (PSD), que também é médica, faz um apelo para que a população brasileira volte a se vacinar contra o sarampo e para que pais, mães e demais responsáveis por menores de idade também vacinem as crianças. Ela alerta para um fato preocupante: a doença, que é grave e pode levar à morte, voltou a crescer no país.
“Entrei no voo para Brasília e havia uma pessoa com sarampo, algo que seria inimaginável há pouco tempo. Nos últimos anos, a partir de teorias estapafúrdias, sem lógica científica, tem havido uma diminuição gravíssima da cobertura vacinal, colocando em risco a vida e a saúde da população”, afirma.
Conforme a parlamentar, antes da vacina, o sarampo matava mais de dois milhões de pessoas por ano em todo mundo. A vacinação eliminou a doença não apenas no Brasil, mas em todo o continente americano, como reconheceu a Organização Pan Americana de Saúde, em 2016.
“É fundamental defender as políticas de vacinação não apenas contra o sarampo, mas contra outras doenças para as quais a ciência já desenvolveu imunizantes. E mais: é importante que a vacina esteja presente em todos os cantos do país, acessíveis ao maior número de pessoas, de todas as idades, sempre de acordo com as melhores práticas científicas. É esse o sentido do nosso trabalho legislativo: a defesa da vida”, frisa Zenaide.
Militante defensora da saúde pública, a senadora reforça a necessidade de promover canais de informação de interesse público para combater o negacionismo e as notícias falsas que circulam na internet. “Pais, mães: vacinem seus filhos! É gratuito e pode salvar uma vida inocente! Eu sempre digo o seguinte: familiares e demais responsáveis que deixam de vacinar crianças mesmo sabendo dos riscos da não imunização estão cometendo crime de abandono de incapaz”, reitera Zenaide.
Sarampo mata
Segundo o ministério da Saúde (https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sarampo), o sarampo é uma doença grave que pode deixar sequelas por toda a vida ou até mesmo causar a morte. A vacina é a maneira mais efetiva de evitar que isso aconteça.
Algumas das complicações do sarampo são:
• Pneumonia (infecção no pulmão) - Cerca de 1 em cada 20 crianças com sarampo pode desenvolver pneumonia, causa mais comum de morte por sarampo em crianças pequenas;
• Otite média aguda (infecção no ouvido) - Ocorre em cerca de 1 em 10 crianças com sarampo e pode resultar em perda auditiva permanente;
• Encefalite aguda (inflamação no cérebro) - 1 a 4 em cada 1.000 crianças podem desenvolver essa complicação e 10% destas podem morrer;
• Morte - 1 a 3 a cada 1.000 crianças doentes podem morrer em decorrência de complicações da doença.
Para Zenaide, a evolução e o retorno dessa doença exemplificam, “de modo bastante adequado”, a importância da imunização para a saúde da sociedade de modo geral, além de lançar luz a respeito dos riscos de posturas não respaldadas pelo melhor conhecimento científico.
Ministério da Saúde orienta
Segundo o Ministério da Saúde (https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sarampo/vacinacao), na rotina dos serviços de saúde, todas as pessoas de 12 meses a 59 anos de idade têm indicação para serem vacinadas contra o sarampo. Adolescentes e adultos não vacinados ou com esquema incompleto contra o sarampo devem iniciar ou completar o esquema vacinal de acordo com a situação encontrada, respeitando as indicações do Calendário Nacional de Vacinação.
Na rotina dos serviços públicos de vacinação, há duas vacinas disponíveis para proteção contra o sarampo: vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
A administração dessas vacinas é feita conforme as indicações estabelecidas no Calendário Nacional de Vacinação.
Vacinação nas escolas
Zenaide trabalha pela aprovação do projeto de lei 826/2019, que cria o Programa Nacional de Vacinação em Escolas Públicas. Aprovada em fevereiro deste ano na Comissão de Educação da Casa, com voto a favor e forte defesa verbal da representante potiguar, a proposta já está pronta para ser votado no Plenário do Senado.
O objetivo do projeto é ampliar a cobertura vacinal da população. Equipes de saúde locais irão às escolas públicas para vacinar as crianças matriculadas nos ensinos infantil e fundamental, oferecendo as vacinas previstas para cada idade.
“A imunização dentro da escola constitui um grande avanço na proteção das nossas infância e juventude e ajuda muitos pais que trabalha o dia todo fora de casa. Lamentavelmente, grupos anticiência e antivacinas têm se levantado contra isso, usando argumentos falaciosos, disseminando mentiras a respeito de riscos que não existem. As vacinas salvam vidas e a desinformação pode matar”, observa Zenaide.
Doença foi epidemia no Brasil
O sarampo passou a ser doença de notificação compulsória nacional em 1968. Durante muitos anos, foi uma das principais causas de mortalidade na infância, principalmente nos menores de um ano de idade. A doença comportava-se de forma endêmica no Brasil, ocorrendo epidemias a cada dois ou três anos.
A vacina contra o sarampo foi introduzida no Brasil na década de 1960, ainda de modo descontinuado. Em 1973, foi criado o Programa Nacional de Imunizações (PNI), com os objetivos principais de organizar, implementar e avaliar as ações de imunização em todo o país.
A partir de então foram realizadas campanhas em áreas urbanas de vários estados e em locais onde eram encontradas baixas coberturas vacinais. Em 1992, o Brasil definiu a extinção da doença como prioridade da sua política de saúde implantando o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo.
O Plano teve previa a vacinação da população entre nove meses e 14 anos de idade, um mínimo de 95% de cobertura vacinal para os menores de um ano de idade, vigilância epidemiológica intensiva para os casos suspeitos na comunidade, capacitação de pessoal, campanhas de divulgação, entre outras ações. Os resultados foram extremamente positivos.
“Apesar desses grandes avanços, o comportamento antivacina e a exploração político-demagógica dessa crença não científica ganharam mais repercussão durante a pandemia do coronavírus, quando até mesmo autoridades de saúde, além do próprio presidente da República, pregaram no Brasil contra as vacinas e boicotaram o Programa Nacional de Imunização (PNI)”, assinala Zenaide.
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