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Durante uma reunião da Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final, o parlamentar disse que brigas conjugais têm acontecido porque homens não estariam satisfazendo o desejo das mulheres. “O cara quer fazer sexo uma vez por mês… aí lá vai o cacete e a confusão é grande”, afirmou o vereador, ao indicar o que, para ele, origina as agressões.
Na segunda, uma reportagem do Agora RN mostrou que, durante o período de isolamento social, os registros de casos de violência doméstica aumentaram 258% no Rio Grande do Norte. De acordo com um estudo do Observatório da Violência Letal e Intencional (Obvio), entre 12 de março e 18 de maio, o sistema estadual de segurança registrou 739 casos de violência doméstica. Ou seja, a média é 10 agressões casos por dia. No ano de 2019, durante o mesmo período, as agressões somaram 206 casos, o que representa três atos violentos durante as 24 horas.
Cinco parlamentares comentaram a fala na sessão desta terça, que aconteceu por videoconferência.
A vereadora Júlia Arruda (PCdoB) disse que o aumento no número de agressões a mulheres não deve ser tratado em tom de brincadeira. “Não é momento de chacota, brincadeira, declarações infelizes. Não podemos corroborar diante de uma situação como essa. Todo o meu repúdio. A vítima nunca é culpada. Temos que mostrar empatia, sororidade e respeito às mulheres que são vítimas de violência”, afirmou a parlamentar, acrescentando que há subnotificações.
Já a vereadora Carla Dickson (Pros) chamou a atenção para o que considerou como baixo nível do linguajar do colega. “Palavras de baixo calão não condizem com a nossa profissão e status de representantes do povo”, disse.
A crítica é uma provável referência a outra declaração de Luiz Almir, que na mesma sessão colocou em dúvida a necessidade de apoio emocional para os agressores. “Nada justifica isso. Se é doido, por que não pula da ponte? Por que não bota um cabo de vassoura no rabo? Quando não quer mais, separe. Ninguém é dono de ninguém”, argumentou o vereador do PSDB.
“As pessoas que são agressoras precisam ser educadas e orientadas, e não incitar o suicídio. ‘Se jogar da ponte’?! Isso não é aceitável. A mulher tem direito ao seu corpo e aos seus pensamentos. (…) É inadmissível que tenhamos pensamentos tão pequenos e perigosos”, complementou Carla Dickson.
Na mesma linha da colega, a vereadora Eleika Bezerra (PSL) defendeu que tais práticas sejam coibidas pela Comissão de Ética da Câmara. “A nossa casa precisa ter a iniciativa de trabalhar a falta de decoro parlamentar que está existindo. A Comissão de Ética precisa existir. Não vamos deixar passar os episódios em brancas nuvens”, afirmou.
Na opinião da vereadora Ana Paula Araújo (PL), Luiz Almir tratou o aumento da violência com “brincadeira, chacota e descaso”. “Uma brincadeira de mal gosto. É necessário que nós tenhamos consciência da responsabilidade de nossas falas e gestos, principalmente quando estamos em comissões, dentro do parlamento. É terminantemente inaceitável”, destacou.
A vereadora Divaneide Basílio (PT) complementou: “Me somo a esse repúdio e na defesa da vida das mulheres. O aumento da violência é uma grande preocupação e que a gente possa pensar em medidas de enfrentamento”.
Por Agora RN
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