Os produtores da Argentina iniciaram uma greve na última quinta-feira (20) que deve durar por 9 dias, paralisando a comercialização de gado no país. O movimento é uma manifestação contra a suspensão das exportações de carne anunciada na segunda-feira (17) pelo presidente Alberto Fernández.
Durante a greve não haverá fornecimento de gado aos mercados domésticos de revenda.
De acordo com agência de notícias France Press (AFP), a paralisação, no entanto, não deve implicar um desabastecimento imediato, já que os frigoríficos e açougues têm estoques acumulados.
Além disso, as partes tentam superar o impasse e poderiam chegar a um acordo antes do período de 30 dias durante o qual o governo proibiu as exportações.
'Lockdown da vaca'
A medida de interromper a exportação de carnes tomada pelo governo argentino foi apelidado pelo setor agropecuário de "lockdown da vaca" e visa abaixar os preços da comercialização de carne bovina internamente, depois de um aumento de 65,3% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2020, segundo o Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (Ipcva).
"Como consequência do aumento sustentado do preço da carne bovina no mercado interno, o governo decidiu adotar um conjunto de medidas para ordenar o funcionamento do setor, restringir práticas especulativas e evitar a sonegação fiscal no comércio exterior. Enquanto as medidas terminam de ser implementadas, as exportações de carne bovina serão limitadas durante 30 dias", afirmou a Presidência do país.
Segundo AFP, a Argentina foi em 2020 o quarto maior exportador de carne no mundo, com 819 bilhões de toneladas embarcadas, com China, Alemanha e Israel como seus principais clientes.
Javier Velázquez, diretor executivo do frigorífico La Peña, espera que se encontre numa solução de consenso.
"Estamos no momento exato para sentarmos em volta de uma mesa todos os setores que envolvem a exportação, consumo inclusive, e delinearmos algo para o futuro, porque estamos em um momento muito difícil", disse à AFP.
Martín Sturla, diretor da Sociedade Rural de San Antonio de Areco, na província de Buenos Aires, alega que "o problema não é a carne, a carne é mais um sintoma (...). Temos a maior taxa de inflação do mundo, depois da Venezuela, e tentam tapar o sol com a peneira".
A Argentina enfrenta seu terceiro ano de recessão, agravada pela pandemia de covid-19, e com uma taxa de pobreza de 42%.
Por Portal G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário